interessante é descobrir...
melhor do que descrever, explicar ou tentar ser entendido, é perceber...
olhar de fora, ver o que pensam de algo que conhece bem.
em textos muito pessoais já me perdi de explicações, tentativas de fazer sentir o mesmo que senti, naqueles que colocam sua visão de terceira pessoa.
prefiro agora observar... é lindo perceber a interpretação pessoal de algo tão pessoal.
por vezes as explicações vêm ainda mais belas, o banal torna-se herudito, o fútil vira cult.
da prosa lê-se poesia e percebo que cada um tem algo para se identificar dentro de um mesmo jogo de palavras.
digam vocês...
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uma gota de calma
Eu que andava descrente de certas cores
Dos sorrisos só via o falso
Onde o infortúnio muitas vezes insistia por estar
Ainda que tão falso quanto o sorriso
E tão certo quanto a dúvida que persiste
Eu que do mar só sentia o sal
Das nuvens sentia a chuva
Na chuva sentia frio
Com frio queria apenas não sentir
E ainda amargo era tido
Mesmo banhado daquele sal
Ora, do que vale um ser salgado
Se o tempero guarda para si?
Só expõe o desespero, o destempero
Mas o sal insiste em cair
Agora não vem mais do mar
Escorre, pára, tenta desviar
Acaba ali, sem chance de retorno
Consegue ultrapassar montanhas
E assim eu sinto
Percepção de vida
Desabrochar de papilas
Pudera ser simples assim
Unir o desabafo ao prazer
Crer em sensações por hora deixadas
Ainda que nunca esquecidas
Ponderar dois lados em um sentimento
Apenas um gosto de alívio
E o que torna essa face perplexa
É a simplicidade com que fazes surgir esse gosto
Um gosto de alma, de calma, de água
Sem açúcar, por favor
d.