7.8.06

azulejos... (confessionário de detalhes)

quando podemos dizer que conhecemos alguém? é preciso convívio?
talvez intimidade ou toque físico... de repente nem precisa conhecer de conhecer e saber tudo mesmo. falo apenas de um novo alguém que não passaria despercebido no sinal.
bastaria um papo? um bom papo pode ser um confessionário de detalhes e descobertas. de coisas miúdas ainda não vistas por ninguém. apenas pontos.. pontos por vezes banais se observados sem a devida percepção... despercebidos e desperdiçados no meio de um todo, mas essenciais dentro do contexto...
perceba que todo dia conhecemos alguém e a nós mesmos também..
dentro desta vida internética então...
desde amigos antigos que estão longe e hoje já parecem outras pessoas, em vidas completamente inimagináveis há tempos... até crianças crescidas que engasgam bebês com queijo, mas na verdade são amores de pessoas... sorrisos belos, lóbulos soltos, sem letras dominadoras... detalhes que despertam vontades de expressão.
detalhes que são belos, mesmo os feios, escorrem sutileza..
penso que ser sutil é um pouco mais do que ser suave.. é captar e exalar percepções de momentos e de ocasiões. em significados interpretativos e multifuncionais.
o importante é manter as possibilidades e poder finalizar sem decretar o fim..
sempre com três pontinhos, ou mais...


--------
eu sou um azulejo
meu redor parece o mesmo, onde quer eu possa ver
vivo só mas dizem ao longe que sou um dentre outros mais
outros tantos que só vivem pra tentar me interpretar

eu sou um azulejo
no mozaico de uma vida meu detalhe é bem comum
traços soltos, pontos fortes vistos longe por você
dizem sempre que completam meu sentido de existir

visto-me de belo para não correr o risco de desperceber os sentidos alheios
quero mais é despertá-los, quero ser aparecido
quero crer que do meu lado não tenho alguém tão igual
quero ter em meus detalhes sutilezas incomuns
e regar de alegria os poucos que puderam reparar

sinto-me sincero em minhas próprias invenções
quero as tais em versos, registrados por aqui
quero ter coragem de expressão antes da liberdade
quero recíproca em forma de reticências
e colher a alegria de ter possibilidades

eu sou um azulejo
forte e bruto com muros atrás de mim
fino e frágil quando me tens nas mãos
morando na casa dos espelhos de um parque que já foi

eu sou um azulejo
certo que ao lado, quem eu finjo conhecer
tem detalhes transbordando sutilmente, como os meus
trazem traços de pintura que eu mesmo não achei
e nem percebem que são belos, justamente por não saber

você é um azulejo...

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

lóbulos soltos...

=D

saudade!

7/8/06 13:43

 

Post a Comment

<< Home