24.1.07

cru... (o mundo modelado)

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esses dias assisti, mais uma vez, um de meus filmes preferidos, Adaptação. normalmente o assisto pelo menos uma vez por ano e sempre me instiga a escrever alguma coisa... deixei 2006 passar em branco, mas não esperei nem a porta do carnaval para tratar de rever essa obra de arte dos roteiros de hollywood. de quebra ainda mostrei o filme para quem eu esperava que gostasse tanto quanto eu... e não é que deu certo?

enfim, pra quem ainda não leu o post deste blog do dia sete de novembro de 2005 eu reescrevo, parafraseando a mim mesmo (pense na preguiça de reinventar uma explicação) que esse filme é simplesmente “o roteiro mais foda do charlie kaufman... divagando na necessidade de adaptar-se, que todos os organismos têm durante toda a existência de vida na terra”. e ainda é a maior metalinguagem cinematográfica que conheço. a mudança de textura, de enquadramento, de história e estória, adaptando-se a cada momento que o filme apresenta uma mudança, é deveras sensacional...

pra variar, a película me faz pensar e rever certos conceitos... até o conceito básico de adaptação mesmo. desde o velho Darwin é afirmando que só pode sobreviver quem conseguir se adaptar ao meio em que vive, tornando-se mais forte e cada vez mais adaptável à novos acontecimentos... ok, ok... lindo isso tudo. mas será que sempre precisamos nos adaptar? que a cada mudança na vida, empregos, pessoas novas, a cada uma dessas novidades temos que mudar de certa forma? hoje já não sei... talvez em nuances, em rotinas.. mas a essência de cada ser também precisa se adaptar sempre?

não poderia existir um ambiente novo em que sua sobrevivência dependesse da naturalidade e, desta vez, o meio é que se adaptaria para sobreviver ao seu redor?

detalhes pequenos, pequena, detalhes... a partir de míudezas percebi que dezembro e janeiro foram meses de descobertas e muitas felicidades pra mim.. o fim de um ano e o início de outro, representando exatamente o clichê básico do recomeço, da renovação. tudo novo de novo... nesses tempos me vi em uma situação que, de um mundo de desafios, adaptou-se em uma rotina de pureza... desde então venho me sentindo completamente cru. sentimentos explícitos, vontades, manias, chatices, tosquices e tudo o que possa imaginar.. simplesmente nu...

não me sinto tendo que me adaptar, não me sinto tendo que representar mais um personagem do meu “eu cotidiano”... minha cabeça vê perspectiva... a incoerência de uma perspectiva não planejada, mas vivida com planos para além do por do sol... percebo apenas vida... vida simples e direta. vida certa e recíproca. vida prazerosa e intensa... mais intensa a cada dia.

assim é tão melhor... tanto que acho que vou ficar com essa versão de mundo.. um mundo em que o prazer é reconhecido com olhos nos olhos... um mundo modelado ao redor, onde a vida externa vai se acostumar e tratar de se adaptar para sobreviver.. sei que eu vou vivendo e assim vou seguindo... medo? sim, sim. ele está aí e completamente inserido dentro da recíproca.. mas é explícito e detalhadamente controlado para não sobreviver por muito tempo...

e assim, bem tranqüilo, eu sigo cru... tentando esquecer as preocupações, apenas vivendo... confundindo desejos, vontades.. nem sei... mas explicar nem é importante... e o que poderia ser um motivo de adaptação para o amanhã é a extrema sinceridade de uma conversa, de um choro que, ao invés de forçar uma adaptação para a alegria, naturalmente é transformado em lágrimas de um nascer do sol, ou gotas de detalhes sinceros e felizes...

que venha o amanhã...

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Eu só posso dizer uma coisa ...
QUE VENHA O AMANHÃ.

Um beeeeju em vc!
=***

[ouvindo invívido]

24/1/07 13:08

 

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